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A Paisagem Protegida de Corno de Bico, com a sua gestão confiada ao Município de Paredes de Coura, constitui um pequeno santuário natural situado nos limites sudeste deste concelho, abrangendo cinco freguesias, nomeadamente Bico, Castanheira, Cristelo, Parada e Vascões.
A região é essencialmente montanhosa, com contornos arredondados, sendo Corno de Bico, com 883 m de altura, a elevação de maior altitude da região setentrional. No topo destas encostas, é possível ver ''caos de blocos'', que são aglomerados de blocos de granito, a rocha dominante da região, conferindo um aspeto caótico à paisagem. Nesta região estão incluídas as cabeceiras de três dos principais cursos de água minhotos, i.e. Coura, Labruja e Vez. O Coura tem origem em dois cursos de água distintos: o ribeiro dos Cavaleiros e a ribeira de Reiriz.
O clima é temperado, marcadamente atlântico, com elevada precipitação nos meses de inverno e temperaturas amenas nos meses mais quentes de verão, sendo raros os períodos de neve.
Os povoados fortificados, os monumentos fúnebres do Neolítico e os marcos miliários resistem no Corno de Bico, como testemunhos de outros tempos. Nas encostas verdejantes é possível ver, retalhando a paisagem, os muretes, as sebes e os socalcos - testemunhos da influência humana na paisagem. Juntamente com os espigueiros e os moinhos, que completam a harmonia paisagística, estes testemunhos da presença humana traduzem a ainda vigente ruralidade e o esforço do povo que tem vindo a ocupar esta região.
Relativamente à vegetação local, o carvalhal é a formação dominante, constituindo cerca de 25% da paisagem. Esta importante mancha de carvalhos é relativamente jovem, foi plantada no decorrer dos anos 40 do séc. XX e mantém-se muito bem conservada. O carvalhal é um bosque misto, dominado por espécies caducifólias, de entre as quais se destacam o carvalho-alvarinho Quercus robur e o azevinho Ilex aquifolium.
Para além do carvalhal, existem outras comunidades vegetais relevantes, como os bosques ripícolas (situados nas margens dos cursos de água e dominados pelo freixo-de-folha-estreita Fraxinus angustifolia e pelo amieiro Alnus glutinosa), manchas de pinhal, lameiros e uma turfeira. No total, existem 439 espécies de flora no Corno de Bico, sendo que, várias destas, são especialmente relevantes por possuírem variados graus de endemismo: Bruchia vogesiaca, Narcissus cyclamineus, Veronica micrantha e Brioerytrophillum campylocarpum.
A fauna da região é igualmente rica em variedade de espécies. Foram registadas na área 188 espécies de vertebrados. A diversidade de habitats, a interação entre eles e as condições climáticas da região permitem que esta zona forneça excelentes recursos de alimentação, reprodução e abrigo a vários animais. No entanto, não é apenas a variedade de espécies que contribui para a importância da comunidade faunística na região. Com efeito, esta assenta também na existência de espécies cujo valor, do ponto de vista da conservação, contribui para consolidar a Paisagem Protegida do Corno de Bico como um património que urge conservar. Na verdade, foram identificadas 25 espécies de vertebrados com elevada prioridade de conservação. Podem aqui encontrar-se espécies como o lobo-ibérico Canis lupus signatus, a salamandra-lusitânica Chioglossa lusitanica, a víbora de Seoane Vipera seoanei, a toupeira-de-água Galemys pyrenaicus e o tartaranhão-caçador Circus pygargus, entre muitas outras. Várias destas espécies são endémicas ou estão sob diferentes graus de ameaça, o que contribui para aumentar o valor faunístico da Paisagem Protegida do Corno de Bico.
Dada a elevada importância para a conservação de uma variedade de habitats e espécies ameaçados a nível europeu, Corno do Bico é Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000
A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica para o espaço comunitário da União Europeia resultante da aplicação da Diretiva 79/409/CEE do Conselho, de 2 de abril de 1979 (Diretiva Aves) - revogada pela Diretiva 2009/147/CE, de 30 de novembro - e da Diretiva 92/43/CEE (Diretiva Habitats) que tem como finalidade assegurar a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa, contribuindo para parar a perda de biodiversidade. Constitui o principal instrumento para a conservação da natureza na União Europeia.
A Rede Natura 2000, que também se aplica ao meio marinho, é composta por:
- Zonas de Proteção Especial (ZPE) - estabelecidas ao abrigo da Diretiva Aves, que se destinam essencialmente a garantir a conservação das espécies de aves, e seus habitats, listadas no seu Anexo I, e das espécies de aves migratórias não referidas no Anexo I e cuja ocorrência seja regular;
- Zonas Especiais de Conservação (ZEC) - criadas ao abrigo da Diretiva Habitats, com o objetivo expresso de "contribuir para assegurar a Biodiversidade, através da conservação dos habitats naturais (Anexo I) e dos habitats de espécies da flora e da fauna selvagens (Anexo II), considerados ameaçados no espaço da União Europeia".