Sempre fomos e seremos, cada vez mais, uma terra inquieta. Procuramos o futuro nas crianças, no voo dos pássaros, nos quintais da nossa gente e nas árvores sem idade.
Seremos sempre príncipes da inocência e da descoberta. Porque gostamos do infinito, nunca desejaremos ser Rei. Porque gostamos do infinito, seremos sempre príncipe.
Já escrevi isto noutro tempo e noutro lugar. Não existem diferenças entre o céu de Berlim e o céu de Paredes de Coura, apesar do céu de Berlim transportar o nosso coração para uma iconografia longínqua que escorre das viagens, dos livros, dos filmes e dos documentários. A diferença não é etérea nem metafisica, a diferença está no chão. A diferença está nas pessoas. Os céus, os céus, esses são iguais e quando existem fora das pessoas simplesmente não têm vida.
O nosso céu pode ser igual ao de Berlim e para isso não precisamos de ser modernos. Apenas precisamos de ser criativos, imaginativos e inteligentes e não ter medo do ridículo e não ter medo de perder. Apenas precisamos de ser gente junta, crítica e insatisfeita. Gente capaz de sentir que o futuro está nas fábricas, nos campos, mas também, e muito, na cultura e na educação que estão cada vez mais ligadas.
Sempre houve e sempre haverá futuro nesta terra de gente que acredita na força admirável da fragilidade humana. Estivemos e estamos para sempre tentados a perder o equilíbrio com a coragem maior do amor que temos por Coura. Seremos sempre desassossegados, aventureiros e corajosos. O mundo precisa de lugares felizes. É com essa força que todos os dias trabalhamos.
Vítor Paulo Pereira
Presidente
“Em mim se cruzaram finalmente todos os lados da terra. A Natureza e o Tempo me valeram: séculos e séculos ansiosos por este resultado um dia e até hoje fui sempre futuro.”
“Rosa dos Ventos”, Almada Negreiros, SPA 2015