Início > Pessoas > Proteção Civil > Vespa Velutina – conheça-a e proteja-se
A vespa velutina, vulgarmente conhecida como asiática, é um inseto predador de outros insetos polinizadores, particularmente das abelhas domésticas - o que lhe valeu o rótulo de vespa assassina e provoca avultados prejuízos económicos no setor da apicultura pela diminuição da produção de mel. É oriunda da Ásia (Sul da Índia, Laos, Vietnam, China, Tailândia, Malásia e Indonésia) e foi introduzida acidentalmente na Europa em 2004, a partir do porto de Bordéus, através da importação de produtos hortícolas por via marítima. Desde então expandiu-se e está hoje em dia presente na maioria da Europa Ocidental, tendo já colonizado a maior parte dos distritos Portugueses, chegando até ao Alentejo.
O primeiro ninho detetado em Paredes de Coura registou-se em Rubiães, no Largo da Chão, em 2012, altura em que se desconheciam completamente quais os métodos de eliminação dos ninhos, as ferramentas e os equipamentos de proteção individual adequados que garantissem segurança. Apesar de uma versão breve de 2013, só no ano de 2014 houve a primeira versão consolidada do Plano de Ação para a Vespa Velutina que teve como uma das ações a adoção da plataforma para comunicação de ninhos e de avistamento de vespas, designada SOSVESPA (www.sosvespa.web).
O Município de Paredes de Coura opera, desde a sua implementação, esta ferramenta tendo registado nos anos de 2014, 2015, 2016, 2017, respetivamente, 43, 86, 124 e 167 ninhos, num total de 420 registados e tratados. Em todo o caso, uma parte significativa dos ninhos só são detetados depois da queda da folhagem das árvores, quando ciclo reprodutivo anual da vespa velutina se fechou e os ninhos se encontram maioritariamente vazios ou com atividade reduzida.
Uma picada simples de vespa é, em geral, apenas dolorosa e pode provocar um inchaço da zona em questão. Quando a picada é situada numa zona sensível (como o pescoço) é sempre conveniente dirigir-se a um centro de saúde. Os casos de alergia não são frequentes, mas no caso de fazer alergia deve ligar ao 112 ou dirigir-se de imediato a um centro de saúde ou hospital.
A picada da vespa-asiática, sendo apenas uma, não é diferente da das vespas nativas. No entanto, no caso de várias picadas, por exemplo em resposta à perturbação de um ninho, deve procurar socorro urgente, mesmo não sendo pessoa alérgica.
A grande parte dos casos de picadas é devido a ninhos enterrados ou perto do solo quando perturbados por vibrações. Por isso, nos trabalhos agroflorestais ou operações que causem vibrações, como limpezas da vegetação, aparo de sebes, regas, limpeza de fachadas ou muros com jatos, passagem por caminhos estreitos rodeados por vegetação, deve fazer-se uma verificação prévia. No caso dos ninhos mais altos, a grande maioria, só em casos de corte das árvores de suporte poderão existir problemas.
Na época de verão é habitual encontrar muitas vespas em algumas flores, frutos maduros e nas meladas que algumas plantas libertam, como os ciprestes e salgueiros. Para evitar a libertação de melada e a concentração das vespas deve reduzir-se a rega dessas plantas. Quando as vespas sejam atraídas pela melada libertada, uma simples pulverização no final do dia com água com qualquer tipo de sabão ou aplicada diretamente com uma mangueira de jardim reduz a concentração.
Existem vários métodos de eliminação e a sua evolução tem sido feita à medida da adaptação da vespa ao ambiente. Desde a pulverização dos ninhos com dióxido de enxofre, à queima com maçaricos de gás ou à pulverização dos ninhos com inseticidas.
Em Paredes de Coura utilizou-se sempre a pulverização com inseticida com a imediata remoção do ninho (até ao ano de 2015). Este método é mais moroso e não raras vezes implica a escalada em árvores de até 40 metros de altura. Sendo um método que implica a remoção dos ninhos, é implícito que em grande percentagem deles haja a necessidade de escalar as árvores, situação por si perigosa, com o perigo acrescido de ser uma operação noturna.
Tendo estes aspetos em consideração, para diminuir riscos e aumentar a eficiência, o serviço de Proteção Civil do Municipal adquiriu em 2014 um carro todo terreno com grua que permitiu tratar, dependendo da dispersão dos ninhos na área do concelho, cerca de 4 a 5 ninhos por noite - o que era claramente insuficiente.
Em 2015, após formação dos membros da equipa, foi adotado um novo método que consiste em introduzir nos ninhos um cavalo de tróia, através da aplicação de um inseticida concentrado no interior do ninho. Desta forma, opera-se a uma distância superior a 10 metros do ninho e, maioritariamente a partir do solo, diminuindo-se o perigo a que os operadores estavam sujeitos ao escalar a árvore. Atualmente, são muito menos os casos em que continua a ser necessária a utilização de todo o terreno com plataforma elevatória e escalada das árvores. O método permite também que os trabalhos sejam feitos durante o dia e numa média de até 12 ninhos por dia. Uma particularidade deste método é que, uma vez que destrói as vespas por meio de inseticida - que estas acabam por levar também para os ninhos secundários enquanto ele faz efeito - torna desnecessária a remoção do ninho que acaba, abandonado, por cair por efeito do vento e da chuva.
No ano de 2019 foi adquirido um novo equipamento para intervenção em árvores com altura superior a 30/40 metros. Trata-se de um marcador de paintball adaptado a disparar pequenas esferas em policarbonato repletas de inseticida congelado que, depois de introduzido no ninho por disparo à distância, descongela e contamina a colónia. As vespas, no esforço de limpar o ninho, acabam por propagar o veneno aos ninhos secundários. Esta técnica aumenta a segurança dos operadores, porque isenta de elevação, e a capacidade de tratamento de maior número de ninhos (cerca de 15 por dia), implicando, todavia, custos acrescidos comparativamente às antes descritas.
Assim, optou-se por continuar a usar a técnica de "cavalo de troia" como a mais comum, aplicando-se o uso de marcador de paintball apenas aos ninhos com altura superior a 30m.
As vespas desenvolvem dois tipos de ninhos distintos: os ninhos primários, de tamanho aproximado de uma bola de ténis, entre fevereiro e maio, em habitações devolutas, no solo, em anexos ou espigueiros (ver imagem em anexo).
Depois deste período iniciam a construção dos ninhos secundários, em forma de pêra e com orifício lateral de entrada, de tamanho variável, que podem atingir 1 metro de altura por 80 centímetros de diâmetro (ver imagem em anexo) maioritariamente em árvores de grande porte, às vezes com 40 metros de altura, mas também, e cada vez mais, em sebes de vegetação e arbustos, nos valados dos campos, em habitações devolutas e mesmo no solo.
Identificando um ninho, seja ele primário ou secundário deve, em primeiro lugar, evitar aproximar-se a menos de 10 metros e nunca, em caso algum, tentar eliminar o ninho por meios próprios. A utilização de armas de fogo, gasolina, ou outro método, além de colocar em causa a segurança de quem o utilize, vai permitir que as vespas que possam fugir formem novas colónias - o que tem o efeito contrário ao pretendido.
Deve sim comunicar a localização do ninho ao serviço de proteção civil do Município de Paredes de Coura, regista-lo na plataforma SOSVESPA ou através das juntas de freguesia.
A comunicação de ninhos e de avistamento de vespas pode ser feita com facilidade por qualquer utilizador de internet com conhecimentos médios na plataforma informática SOSVESPA (www.sosvespa.web).
No entanto, para facilitar o acesso às pessoas sem recurso a meios informáticos, a partir de 2014, o Município de Paredes de Coura criou dois postos de atendimento público que se mantém, um junto da equipa de vigilância e controlo da vespa velutina, a funcionar na antiga casa dos magistrados, e o outro no balcão único de atendimento ao munícipe.
No início do mês de janeiro de 2018, com intenção de evitar a deslocação à sede do concelho propositadamente para comunicar os ninhos, foi proposto pelo serviço de proteção civil às juntas de freguesia a criação de um posto de atendimento público em cada freguesia, onde os munícipes podem agora denunciar os ninhos que observam na sua área de residência. Pode encontrar na tabela os horários de atendimento e os contatos telefónicos da sua junta de freguesia.
Em complemento, a referenciação pode ainda ser feita nas casas agrícolas AGROVEC (Rua Felgueiras 36, Resende, 4940-630 Paredes de Coura) e AGRILCOURA (Rua Dr. Bernardino António Gomes 35, 4940-534 Paredes de Coura).
Pode ainda, caso pretenda, preencher o formulário para denúncia de ninhos clicando aqui.
Apesar da necessidade do trabalho de destruição dos ninhos, não menos importante é a captura de rainhas fundadoras durante a primavera, antes de iniciarem a construção de novos ninhos, uma vez que cada uma dessas vespas dará origem com o ciclo reprodutivo a um novo ninho que poderá ultrapassar as 2000 vespas.
Decorreram já sessões de esclarecimento complementadas com oficinas de construção, aplicação e manutenção de armadilhas, junto dos alunos do 2.º ciclo da EB 2,3/s de Paredes de Coura para que cada aluno, juntamente com a sua família, adote uma armadilha que será aplicada e mantida durante o período de primavera, num total de 320 armadilhas.
Prevê-se igualmente o desenvolvimento destas sessões com as juntas de freguesia, associações ou parceiros que demonstrem interesse nelas porque é fundamental envolver o mais possível a população no processo de vigilância e controlo da espécie invasora. Caso seja membro de uma coletividade e tenha interesse em receber uma sessão de esclarecimento contate-nos.
Oficina de Armadilhas: Consultar
Clique aqui para aceder a mais informação do I.C.N.F. (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas).